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CASE STUDY – Produção de Etanol

 

 

 

 

 

6.2 – Formulação do Problema

 

As três vias que iremos comparar são descritas pelas seguintes reacções:

 

Hidratação Directa

 

CH2=CH2 + H2O ® C2H5OH

 

 

Hidratação Indirecta

Reacção 1: CH2=CH2 + H2SO4 ® C2H5O-SO3H

Reacção 2: C2H5O-SO3H ® C2H5OH + H2SO4

 

Fermentação da Glucose

Reacção 1: C12H22O11 + H2O ® 2 C6H12O6

Reacção 2: C6H12O6 ® 2 C2H5OH + 2 CO2

 

Com a metodologia que apresentamos neste trabalho de seminário, pretendemos olhar para a transformação química na sua essência. Iremos então concentrar-nos na transformação que nela ocorre não só do ponto de vista químico, mas também nas vertentes económica e ambiental. Pois se num processo, um input de ik moles se transforma num output de ok moles, também os valores económico e  ambiental destas k substâncias, sofrem uma mudança Dpk e Dak, respectivamente.

 

Fig. 6.8 – Transformação química, económica e ambiental das k substâncias.

 

Temos portanto dois objectivos: o desempenho económico (DE) e o desempenho ambiental (DA) da transformação.

 

O desempenho económico (DE) em USD pode, numa primeira abordagem, ser descrito de uma forma simplificada, como a diferença entre valor económico de input e output. Para o processo A (hidratação directa do etileno), temos então:

 

Desempenho Económico

(unidade: USD)

 

 

 

Índices:

1 – etanol (produto)

2 – água (reagente)

3 – etileno (reagente)

4 – ác. Fosfórico (cat.)

Onde:

 são as moles iniciais de uma substância k (input)

são as moles de k num dado instante (output)

 é o valor económico de k em USD/mol

 

Note-se que nesta fase da nossa abordagem, o processo está completamente em aberto – não sabemos que tipo de equipamento vamos usar, que flowsheet, etc. Vamos considerar apenas a “transformação química” em si. Este tipo de abordagem é comum sempre que se começa por estudar uma “ideia de processo”. Por isso mesmo, o valor económico de uma substância vai ser considerado constante, independentemente quer ela esteja presente numa corrente pura ou numa mistura com outros componentes. Note-se apenas que o preço de catalisador p4 é expresso em USD/mol de etanol formado.

 

De forma análoga o desempenho ambiental (DA) associado à transformação química pode ser descrito usando, em vez dos valores económicos pk, valores ambientais expressos em unidades de impacte por mol, ak. A única diferença é que iremos definir DA como a diferença entre o início e o fim, e não entre o fim e o início. Deste modo, se o impacte ambiental diminuir, DA será positivo. Se o impacte ambiental aumentar, DA será negativo.

 

Desempenho Ambiental

(unidades: Impacte Ambiental)

Os valores económicos assumem-se como os preços industriais das substâncias químicas, que se retiraram do Chemical Market Reporter[6.3], edição de Março de 2003. Temos então, a título ilustrativo:

 

 

 

O preço da água industrial desmineralizada é pequeno face aos das outras substâncias [6.5]:

 

 

O catalisador custa 5USD/ton etanol[6.1]. Pelas moles de etanol conseguidas paga-se portanto:

 

 

O preço refere-se no entanto ao ano de 1989, daí ser necessário actualizá-lo. Para tal iremos recorrer ao Chemical Engineering Cost Plant Index, compilado pela revista Chemical Engineering[6.6]:

 

 

Quanto aos valores ambientais ak, estes correspondem aos índices PEI convertidos para unidades de impacte por mol. Finalmente, após cerca de 8 anos, os investigadores da US/EPA que criaram os índices tomaram a decisão de tornar acessível a base de dados desenvolvida e que possui os PEI de mais de 6000 substâncias. Isto só é no entanto possível através de um simulador de processos: o ChemCAD.

 

E se o acesso à base de dados a partir do programa não é imediato, é possível contornar os obstáculos. Para se visualizar os PEI é necessário criar uma corrente, à qual, por simplicidade se atribui um caudal unitário (1kg/h) a cada substância. A opção “Environmental Report” leva-nos à análise do flowsheet através do algoritmo WAR. Como o nosso flowsheet é composto apenas por uma corrente, obtemos assim a lista de impacte das substâncias que compõem a corrente em unidades de impacte/h, que correspondem a impacte/kg porque os caudais são unitários.

 

   

 

 

 

Fig. 6.8 – Obtenção no ChemCAD 5 dos valores dos PEI de substâncias presentes numa corrente, através da opção “Environmental Report”.

 

Os índices vêm discriminados segundo 8 categorias de impacte ambiental: depleção do ozono, efeito de estufa, formação de smog, chuva ácida, toxicidade humana (OSHA PEL e LD50), e ecotoxicidade (LC50 e LD50).

 

Tab. 6.1 – “Environmental Report” gerado pelo ChemCAD 5.

 

Waste Stream Summary Analysis

-----------------------------

                                     Ozone     Global       Smog       Acid

Component Name         FlowRate   Depletion    Warming  Formation       Rain

(kg/hr)    (imp/hr)   (imp/hr)   (imp/hr)   (imp/hr)

--------------------  ---------  ---------- ---------- ---------- ----------

ETHYLENE                  1.00   0.00e+000  0.00e+000  2.05e+000  0.00e+000

ETHANOL                   1.00   0.00e+000  0.00e+000  5.51e-001  0.00e+000

WATER                     1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000

PHOSPHORIC ACID           1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000

SULFURIC ACID             1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000

SUCROSE                   1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000

DEXTROSE                  1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000

CARBON DIOXIDE            1.00   0.00e+000  3.17e-004  0.00e+000  0.00e+000

DIETHYL SULFATE           1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000

AMMONIA                   1.00   0.00e+000  0.00e+000  0.00e+000  1.83e+000

 

                                <- Human Toxicity -->  <--- EcoToxicity --->

Component Name        FlowRate    OSHA PEL       LD50        LC50       LD50

(kg/hr)    (imp/hr)   (imp/hr)    (imp/hr)   (imp/hr)

-------------------- ---------  ---------- ----------  ---------- ----------

ETHYLENE                 1.00   0.00e+000  0.00e+000   3.69e-002  0.00e+000

ETHANOL                  1.00   1.53e-004  5.14e-002   1.61e-004  5.14e-002

WATER                    1.00   0.00e+000  0.00e+000   0.00e+000  0.00e+000

PHOSPHORIC ACID          1.00   2.91e-001  2.37e-001   4.17e-002  2.37e-001

SULFURIC ACID            1.00   2.91e-001  1.69e-001   4.09e-002  1.69e-001

SUCROSE                  1.00   1.94e-002  1.22e-002   3.09e-007  1.22e-002

DEXTROSE                 1.00   0.00e+000  1.41e-002   4.75e-007  1.41e-002

CARBON DIOXIDE           1.00   3.24e-005  0.00e+000   9.03e-002  0.00e+000

DIETHYL SULFATE          1.00   0.00e+000  4.12e-001   3.24e-002  4.12e-001

AMMONIA                  1.00   8.33e-003  1.04e+000   3.10e-001  1.04e+000

 

 

Neste trabalho iremos dar, por simplicidade, ponderação igual a todas as categorias (contudo, é  procedimento frequente dar-se muitas vezes maior ponderação à toxicidade humana, p.ex.). Assim sendo, para uma dada substância, o PEI corresponde ao somatório dos resultados de cada categoria.

 

Tab. 6.2 – Valores ambientais ak e valores do índice PEI (Potential Environmental Impact Index) para algumas substâncias.

Substância Química

Fórmula Química

Valor do índice PEI (Impacte/kg)

Valor Ambiental ak (Impacte/mol)

Etileno

C2H2

2,0869

0,058545

Etanol

C2H5OH

0,654114

0,030134

Água

H2O

0

0

Ácido Fosfórico

H3PO4

0,8067

0,079052

Ácido Sulfúrico

H2SO4

0,6699

0,065702

Sucrose

C12H22O11

0,0438

0,006313

a-D-glucose ou Dextrose

C6H12O6

0,0282

0,002032

Dióxido de Carbono

CO2

0,090649

0,001089

Sulfato Dietílico

C2H5O-SO3H

0,8564

0,020572

Oxigénio

O2

0

0

Amoníaco

NH3

4,22833

0,072011

 

 

Pelo que, a título ilustrativo, temos:

 

 

6.3 – Optimização

 

 

Para o caso específico da hidratação directa, encontraram-se dados cinéticos disponíveis que permitem fazer uma optimização das condições operatórias conducentes ao maior desempenho económico e ambiental.

 

Em linguagem de optimização, temos pela frente um problema de programação não linear (NLP – Non Linear Programming), que pode ser definido da seguinte forma[6.7]:

 

 

Sujeito a:

i1=0

variáveis independentes: P, T, ik

pk, ak constantes

 

Para conhecer as dependências dos desempenhos DE e DA com as variáveis independentes (pressão, temperatura, e moles de reagentes iniciais) é necessário recorrer a dados cinéticos e termodinâmicos.

 

Começamos por apresentar já de uma forma condensada alguns dos dados que serão necessários:

 

Tab. 6.3 – Compilação de valores de propriedades em jogo.

Propriedade

Etanol (1)

Água (2)

Etileno (3)

Fonte

Massa Molecular M (g/mol)

46,069

18,015

28,054

[6.4]

Temperatura crítica Tc (K)

513,9

647,1

282,3

[6.4]

Pressão Crítica (bar)

61,48

220,55

50,4

[6.4]

Factor  Acêntrico w

0,645

0,345

0,087

[6.4]

Estequeometria na Reacção n

1

-1

-1

-

Constante de Cp: A

3,518

3,47

1,424

[6.4]

Constante de Cp: B

20,001x10-3

1,45x10-3

14,394x10-3

[6.4]

Constante de Cp: C

-6,002x10-6

0

-4,392x10-6

[6.4]

Constante de Cp: D

0

0,121x105

0

[6.4]

DHof298 (J/mol)

-235,100

52,510

-241,818

[6.4]

DGof298 (J/mol)

-168,490

68,460

-228,572

[6.4]

 

A reacção dá-se em fase gasosa homogénea, sendo por isso a relação de equilíbrio: [6.4]

 

 

Como o coeficiente estequeométrico global é

Então:

                       (6.1)

 

As fugacidades fk podem ser estimadas como funções da temperatura reduzida Tr=T/Tc e do factor acênctrico w[6.4]:

 

 onde:  e

 

Por outro lado:                                   

 

Pelo que:                      ;        ;              (6.2,3,4)

 

Já o cálculo da constante de equilíbrio pode ser estimado, no caso desta reacção, pela equação[6.4]:

 

 

Assumindo que  , temos:

Com:

To=298,15K é a temperatura de referência

Validade das equações: 298,15K<T<1500K

 

Temos ainda que:

 

 

A equação (6.1), em associação com as (6.2,3,4) fica assim na forma:

 

 onde

 

Para terminar, interessa-nos explicitar a coordenada genérica de reacção e:

 

 

 

Assim, como , as moles num dado instante de cada substância k são:

 

Face a isto podemos proceder à fase seguinte: optimização das nossas funções objectivo desempenho económico e ambiental. Para tal usou-se o software de optimização GAMS-IDE.

 

Fig. 6.9 – Splashscreen do software usado no capítulo da optimização: GAMSIDE 1.0.4.

 

A transcrição desta formulação matemática para código de programação em GAMS é simples, e encontra-se no anexo I.

 

As condições óptimas de operação a que se chegou foram: T=718K, P=70bar, e  i2/i3=0,61 moles de água por mol de etileno na alimentação, que conduzem a uma conversão de etileno de cerca de 4,03%. Estas estão em relativo acordo com os valores que se praticam na realidade industrial, à excepção da temperatura que é um bocado maior.

 

Este capítulo da optimização vinha complementar as análises económica e ambiental e torná-las mais completas, uma vez que se entraria em conta com a taxa de conversão de reagentes em cada caso, e as alterações subsequentes em termos económicos e ambientais. No entanto, não foi possível desenvolver as mesmas formulações para as outras 2 vias (hidratação indirecta e fermentação), por falta de informação disponível. Assim sendo, a comparação económica e ambiental que se segue será feita com base na estequeometria da reacção, tendo por base de cálculo 1 mol de produto etanol.

 

 

6.4 – Comparação Económica e Ambiental

 

 

Análise Ambiental

 

Começaremos por uma análise ambiental. Antes de mais, interessa saber qual o valor em impacte por mol associado a cada uma das substâncias envolvidas neste case study.

Fig. 6.10 – Contribuição das várias categorias de impacte ambiental no valor do Índice PEI (em unidades de impacte por mol).

 

Claramente, as categorias de impacte ambiental mais afectadas são a formação de smog, a toxicidade humana (HT-OSHA PEL e HT-LD50) e ecotoxicidade (ET-LC50 e ET-LD50). No campo das toxicidades, destacam-se o ácido sulfúrico (reagente na hidratação indirecta) e o ácido fosfórico (catalisador na hidratação directa). O etileno revela uma contribuição muito significativa como factor de formação de smog. Dentro dos reagentes, o maior valor de impacte ambiental por mol vai para o ácido sulfúrico em 1º lugar (hidratação indirecta) e para o etileno em 2º (hidratação directa). Na lista de produtos, o etanol é 1º e o CO2 2º (fermentação). Resta o catalisador ácido fosfórico que, apesar de estar presente em pequenas quantidades no processo, possui grandes toxicidades. Refira-se para terminar que neste gráfico não está incluída a água porque esta possui um valor nulo de impacte ambiental.

 

O passo seguinte é analisar o que acontece à variação de impacte ambiental em cada uma das 3 vias de produção, ou seja, o desempenho ambiental DA. Vamos então definir uma base comum às 3 vias – 1 mol de etanol produzida:

 

 

Impacte de reagentes, produtos, e variação de impacte (unidades: impacte ambiental)

Fig. 6.11 – Valor ambiental de produtos e reagentes, e sua variação (base de cálculo: 1 mol de etanol formado).

 

 

Concluímos então que, por cada mol de etanol formada, a variação de impacte ambiental é:

 

- a hidratação directa envolve uma melhoria ambiental de 0,028 unidades de impacte.

- a hidratação indirecta envolve uma melhoria ambiental de 0,027 unidades de impacte.

- a fermentação envolve uma pioria ambiental de 0,030 unidades de impacte.

 

Isto permite afirmar que nas duas vias sintéticas (hidratação directa e indirecta) há uma valorização das substâncias químicas, uma vez que os reagentes possuem maior impacte ambiental que os produtos. Na fermentação acontece o contrário.

 

No entanto, é um dado que pode ser complementado com outros, também relevantes, como a quantidade de impacte associada aos reagentes e a quantidade de impacte associada aos produtos, quando se forma 1 mol de etanol. Na verdade, o impacte ambiental dos produtos finais é, por cada mol de etanol formada:

 

- para a hidratação directa, 0,030 unidades de impacte.

- para a hidratação indirecta, 0,116 unidades de impacte.

- para a fermentação, 0,032 unidades de impacte.

 

O impacte ambiental dos reagentes que se vão buscar, por 1 mol de etanol formada é:

 

- para a hidratação directa, 0,059 unidades de impacte.

- para a hidratação indirecta, 0,145 unidades de impacte.

- para a fermentação, 0,003 unidades de impacte.

 

Podemos seriar estes dados sabendo que em 1º lugar (melhor opção) fica a via que possuir maior valorização ambiental, menor impacte de produtos, menor impacte de reagentes. Resumindo, para cada via, as posições são as seguintes:

 

Tab. 6.4 – Seriação das 3 vias segundo 3 critérios: impacte médio de reagentes, produtos, e valorização ambiental.

Posição Ocupada por cada Via no que diz respeito a…

Via de

Produção

Menor Impacte de Reagentes

Menor Impacte de Produtos

Maior Valorização Ambiental

Hidratação directa

Hidratação indirecta

3º (negativa)

Fermentação

 

Face a estes três critérios possíveis qual será então o critério de decisão?

 

A valorização ambiental é sem dúvida muito importante: está-se, no decurso da transformação química, a diminuir o impacte ambiental dos inputs do processo. Neste capítulo, a hidratação directa do etileno é a melhor classificada. Há, no entanto, que compreender que, ao se implementar um processo de larga escala, se pode estar a criar uma necessidade de mercado: no caso da hidratação directa, estariam a criar-se condições para que a oferta de etileno no mercado fosse maior, sendo o etileno um reagente de impacte ambiental alto. Nesta lógica, a opção responsável seria optar pela via que possuísse reagentes de mais baixo impacte ambiental (entre as 3, é inequivocamente a fermentação).

 

Haveria ainda outras considerações, não no domínio ambiental, mas no domínio do risco: se uma dada via envolve substâncias com maior impacte ambiental, e se considerarmos que ao concretizarmos o processo na construção de uma fábrica, haverá sempre risco de fugas para o meio ambiente e risco de fugas para zonas onde estão trabalhadores, então importa também que as substâncias envolvidas tenham baixo impacte ambiental. Neste caso, seria mais favorável optar pela fermentação e não pela hidratação directa (ambas possuem o mesmo impacte de produtos, mas a 2ª possui reagentes de elevado impacte). Neste caso, uma proposta de critério de decisão poderia ser a menor média dos valores de impacte ambiental ak de todas substâncias envolvidas em cada via, ponderadas com a constante estequeométrica nk que possuem na reacção, em valor absoluto, ou seja:

 

Neste case study, como pretendemos apenas estudar o ponto de vista ambiental, iremos considerar que o critério de decisão é a valorização ambiental. O melhor processo é então a hidratação directa.

 

 

Análise Económica

 

 

Os preços em USD por mol de algumas das substâncias envolvidas encontram-se representados no gráfico abaixo.

 

Valor Económico

(unidades: USD/mol)

 

Fig. 6.12 – Valor económico, em USD, das substâncias envolvidas.

 

Do Chemical Market Reporter[6.3]  é possível estimar ainda o preço do etanol produzido por fermentação. Segundo dados recentes, o valor médio será 0,90 USD/galão de etanol. Isto corresponde a 0,90USD/(3,785x10-3m3x791kgm-3x0,046069molkg-1)=0,0138USD/mol etanol.

 

Assim sendo, podemos comparar o desempenho económico das 3 vias de produção. Concluímos que, potencialmente, por cada mol de etanol produzida:

 

- a hidratação directa conduz a um lucro de 0,0081USD

- a hidratação indirecta conduz a um lucro de 0,0079USD

- a fermentação conduz a um lucro de 0,0138USD

 

Para uma produção em contínuo de 100.000 toneladas por ano isto dará:

 

- pela hidratação directa 17.500 USD/ano

- pela hidratação indirecta 17.000 USD/ano

- pela fermentação de açúcares 30.000 USD/ano

Fig. 6.13 – Valor económico das 3 vias.

 

Note-se que estas conclusões não reflectem a realidade: o processo de fermentação na verdade é algo mais caro que o da hidratação directa. Naturalmente, a incongruência pode dever-se à abordagem simplista que estamos a efectuar e que não considera custos de equipamento, operação, etc.

 

 

Solução de Compromisso

 

Se analisarmos as nossas três hipóteses de produção do ponto de vista do desempenho ambiental (sendo o critério a valorização ambiental, DA) e económico (DE) da transformação por mol de etanol, obtemos o gráfico seguinte:

 

Fig. 6.14 – DE versus DA.

 

Este gráfico pode ser normalizado, em ambas as categorias, se supusermos que o maior valor corresponde a 100% e o menor a 0%:

 

Fig. 6.15 – DE normalizado versus DA normalizado.

 

 

Estamos agora perante um dilema: por um lado teríamos uma solução melhor economicamente e pior ambientalmente, por outro teríamos uma 2ª solução com menos pontos económicos e mais pontos ambientais. Entramos no campo das soluções de compromisso. Uma das formas de fazer isto é atribuir uma ponderação a cada um dos critérios e dizer que a minha solução é a Via x tal que com:

 

 e  ;  ;

 

d - desempenho combinado

QA – peso do critério ambiental

QE - peso do critério económico

DAnorm – desempenho ambiental normalizado

DEnorm – desempenho económico normalizado

 

DEmax – valor máximo de DE das j vias possíveis

DEmin – valor mínimo de DE das j vias possíveis

DAmax – valor máximo de DA das j vias possíveis

DAmin – valor mínimo de DA das j vias possíveis

 

Vamos então calcular o valor do desempenho combinado para várias ponderações possíveis, em que o peso do critério ambiental pode ir de 0 a 1, e se considera que o peso do critério económico é o valor complementar QE = 1- QA.

 

Fig. 6.16 – Valores do Desempenho Combinado para diferentes ponderações do desempenho ambiental.

 

 

É agora mais simples optar por uma das soluções. Como o critério económico é mais importante que o ambiental (pelo menos do ponto de vista de quem vai “pagar” o processo), e tendo em conta que uma ponderação aceitável do factor ambiental não será superior a 50%, podemos dizer que a fermentação é o processo escolhido, que combina melhor desempenho económico com ambiental.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia

 

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[6.2] López-Silva, A. et al; Processo de Fabricación de bioetanol; Ingenieria Quimica, 391, Jun 2002.

 

[6.3] Chemical Market Reporter – Prices & People – Chemical Industry Prices; 24 Março 2003; www.chemicalmarketreporter.com/.

 

[6.4] Smith, J. et al; Introduction to Chemical Engineering Thermodynamics; (5ª ed.) McGraw-Hill Int., Singapura (1996).

 

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[6.6] Chemical Engineering Magazine – Chemical Engineering Cost Plant Index - http://www.che.com/

 

[6.7] Tavares, L. e Correia, F; Optimização Linear e Não Linear – Conceitos, Algoritmos e Métodos; 2ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1999).

 

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[6.10] Historic Ethanol Production / US Energy Information - http://bennelson.senate.gov/Historic%20Ethanol%20Production%20Chart.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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